O ritual de entrega da chave de uma cidade é simbolicamente potente (e terrível).
Remonta à ideia das cidades medievais - cercadas por muros e trancadas por portões. Apenas uns poucos eleitos possuíam a prerrogativa de possuir a chave.
Não é difícil imaginar quem seriam estes eleitos. Não é nenhum mistério saber porque agiam como se a cidade fosse sua. É porque era mesmo.
O que não dá pra entender (aceitar tacitamente) é que, em pleno século XXI, ainda se reproduza essa ritualística tão retrógrada e, simbolicamente, tão reveladora das intenções que subjazem determinados projetos políticos.
No fundo, a chave garante quem fica de fora.
Ódio à pluralidade
A onda, mais que conservadora, é reacionária. A oposição ao PT e seus crimes tornou-se ódio a toda e qualquer agenda humanista e progressista. Qualquer coisa que pareça esquerda já é visto de lado. Para além da polarização direita versus esquerda, o que se assiste é ódio ao diferente. A questão é que, como todo fascismo já visto na história, a onda vai se consolidando sob os aplausos e incentivos da sociedade.
Depois, a gente se pergunta: mas como tudo isso foi possível?