Quem nunca ouviu, disse ou mesmo "comprou gato por lebre"? Pois é. Pior é quando isso ocorre com ideias. Pseudonímia é o processo pelo qual um texto tem sua autoria atribuída a quem não o escreveu. Isso ocorre, por exemplo, com vários textos e livros na Bíblia. Obras atribuídas a Moisés, Davi, Salomão e Paulo são exemplos bem conhecidos. Não se trata de 'falsidade ideológica' ou coisa que o valha. É fruto de uma cultura que homenageia seus ancestrais e legítima seus ensinamentos com a chancela de figuras notáveis. Na verdade, conhecemos esses 'autores' pelo que 'não' escreveram. Ocorreu um processo curioso: os textos ganharam força por conta de seus autores idealizados; os autores fortaleceram-se como ícones da história por conta da disseminação desses textos. Esse fenômeno continua ocorrendo. Clarice Lispector, Arnaldo Jabor e o Papa Francisco assumem diariamente a autoria de textos que, muitas vezes, jamais teriam saído de suas penas. Veríssimo já teve até livro publicado com crônica que não escreveu. A diferença entre os exemplos, porém, está no fato que sabemos o que a Clarice, o Arnaldo ou o Papa pensam e escrevem. Há muito deles por aí devidamente assinado. Talvez haja muitos aproveitadores querendo passar adiante suas ideias. Se não o fazem assinando seus textos, das duas, uma: ou não têm lastro para serem lidos ou julgam as ideias de suas redações mais importantes que seus próprios nomes. E aí mora o perigo. Cuidado com as ideias "bonitinhas" que andam circulando por aí. Tem muito "gato por lebre".