A educação de crianças e jovens sempre foi um desafio. A história da filosofia e a da educação estão permeadas de perguntas e respostas sobre esse empreendimento que, na verdade, define o tipo de civilização que construímos.
Atualmente, o desafio ganha novos contornos. Afinal, em que momento da história as crianças tiveram diante de si ferramentas tecnológicas capazes de conectá-las de forma tão eficiente com tantas pessoas e informações ao mesmo tempo?
O novo cenário promovido pela internet impõe algumas exigências novas, tanto da parte de famílias quanto de escolas. Não que as questões sejam novas, mas agora estão muito potencializadas.
Primeiro porque o acesso a toda sorte de informação está franqueado. Uma busca simples numa ferramenta gratuita abre uma tela infinita de dados. A fronteira entre adequado e inadequado é exclusivamente do usuário. Não há censuras.
Segundo porque o diálogo em rede com desconhecidos é livre. As sugestões de “amizade” são tentadoras, se pensadas sob a perspectiva da conquista e do desconhecido. O limite entre desejável e indesejável é responsabilidade apenas de quem navega. Não há proibições.
Além de dados e pessoas, a rede conecta tudo e todos. É acesso irrestrito para o que se pensar. Sem muita habilidade, se vai longe. Com destreza e alguma técnica melhor elaborada, o lapso entre simplesmente receber um e-mail ou deliberadamente roubar dados alheios é mínimo.
Já há esforços legislativos para um marco digital que regule as relações e ações na rede. Policiais e psicólogos já se debruçam sobre esse universo novo com áreas de atuação muito especializadas.
O fato é que não há mais as antigas formas de aprendizado, de contatos e de relacionamentos. Todas essas áreas estão mediadas também pelo mundo virtual.
Isso tudo exige, na verdade, uma nova ética. Ou, ao menos, que a ética que há séculos vem sendo desenvolvida se dedique aos novos atores difusos e dispersos da rede.
Duas contribuições podem ser úteis nesse novo momento. A primeira sobre o aprendizado e a segunda sobre ética na forma de empregar o conhecimento.
Aprender é um processo complexo. Mas, mais do que antes, aprender a aprender continuamente é o desafio pessoal que se coloca. Ensinar isso ou aquilo é insuficiente. A questão central é desenvolver hábitos e mecanismos de um permanente e continuado aprendizado.
Além disso, a forma de se colocar no mundo é o que efetivamente importa. Mais valioso que o saber em si é o uso que dele se faz. Por isso, em tempos de tecnologia franqueada e permanentemente em desenvolvimento, a palavra de ordem é “ética”.
O que se ensina e se aprende terá sempre sua dose de relativização. A forma como se coloca diante da realidade é o que ainda faz e fará toda diferença.