Há, pelo menos, três reflexões necessárias sobre o dia do Trabalho, sobre o trabalhador, sobre emprego e sobre a atual situação das coisas no país.
Primeiramente, é indispensável destacar que direitos são garantias para qualidade de vida das pessoas. E é através do trabalho que os direitos são efetivamente financiados. É o trabalho e a geração dos recursos provenientes do trabalho que dão condições a uma sociedade na execução de direitos.
Por conta disso, é fundamental que haja luta sim pela manutenção dos direitos que historicamente foram conquistados pelos trabalhadores. As reformas das leis trabalhistas e da previdência não podem, apesar de necessárias (sob outras bases), precarizar as relações de trabalho e a qualidade de vida das pessoas. Direito não é favor. É, antes disso, resultado do trabalho do próprio trabalhador.
Em segundo lugar é indispensável fazer uma reflexão sobre o papel dos empreendedores no país, especialmente dos pequenos. Não porque sejam esses os que “geram empregos”. Empregos são resultado de uma economia saudável cuja prosperidade tem a ver com a confluência de demanda, empreendedorismo e Estado eficiente. Não é possível taxar empresários, especialmente os micro e pequenos, da mesma maneira como se avalia grandes corporações capitalistas que exploram países inteiros.
São os pequenos empreendedores que, além de gerir a maior parte dos postos de trabalho, fazem com que a sociedade prospere e avance. O trabalho conjugado de trabalhadores (que fazem a roda girar) e empreendedores (que sonham e fazem acontecer) deve ser harmonizado. Não ha necessariamente exclusão entre os dois; deve haver diálogo.
Por fim, é hora de refletir com a maior isenção possível sobre o papel do Estado em todo esse cenário. Há quem diga que o Estado deve ser mínimo. Mas mais importante que o tamanho do estado é o que está diretamente ligado a sua capacidade de garantir mais ou garantir menos direitos. Falar de Estado mínimo só faz sentido numa sociedade que tem os direitos elementares garantidos. Há sim que reformar o Estado; a começar, todavia, por sua generosidade para com os mais privilegiados. Reforma-li pela supressão de direitos é criminoso.
O Estado não precisa ser grande, caro e ineficiente; o estado deve, ao contrário, ainda que leve, garantir que haja acesso ao básico e ao digno para toda a população. Em outras palavras, é o Estado quem pode garantir que haja solidariedade social.
Nesse dia do trabalho, é necessário pensarmos sobre a comunhão de forças que deve haver entre trabalhadores, empreendedores e Estado. As polarizações que andam por aí são, além de falsas, poucos produtivas.